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Original para a Internet

O mal “não [tem] parte, nem direito, nem memorial”

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 31 de agosto de 2020


O relato bíblico de Neemias reconstruindo o muro de Jerusalém é um caso histórico importante e de grande ajuda para qualquer pessoa que deseje compreender melhor a forma cristã de lidar com as sugestões malévolas, ou seja, com tudo o que interromperia, dificultaria, desviaria, desencorajaria, ou frustraria qualquer boa obra.

Quando Neemias ouviu falar pela primeira vez dos muros derrubados e das portas queimadas de Jerusalém, ficou profundamente angustiado e orou a Deus por orientação. Quando a ideia de reconstruir os muros começou a formar-se, rapidamente surgiu oposição a esse esforço entre os inimigos dos judeus: Sambalate e Tobias — pois “…muito lhes desagradou que alguém [Neemias] viesse a procurar o bem dos filhos de Israel” (Neemias 2:10). Essa é uma reação típica do mal — ficar furioso diante da luz pura de um bom exemplo e de uma obra orientada e dirigida por Deus. 

À noite, e sem que seus opositores soubessem, Neemias inspecionou cuidadosamente a área. Desde o início, foi prudente em esconder quais eram as suas intenções e em não revelar seus planos aos governantes, sacerdotes, ou aos trabalhadores. Da mesma forma hoje, todos os esforços justos, todas as obras construtivas, têm de alicerçar-se apenas no fundamento seguro da silenciosa confiança em Deus.

Quando a decisão de reconstruir os muros se tornou pública, um dos primeiros estratagemas dos adversários foi zombar dos esforços de Neemias e menosprezá-los. Provocando-o, disseram eles: “…Que é isso que fazeis? Quereis rebelar-vos contra o rei?” A resposta de Neemias foi: “…o Deus dos céus é quem nos dará bom êxito; nós, seus servos, nos disporemos e reedificaremos; vós, todavia, não tendes parte, nem direito, nem memorial em Jerusalém” (Neemias 2:19–20).

Um dia, quando eu estava lendo esse versículo, a escolha de Neemias das três palavras: “parte”, “direito”, e “memorial” chamou minha atenção. Procurei seus sinônimos, a fim de obter maior compreensão do significado de cada uma daquelas palavras. Esses sinônimos, juntamente com um influxo de intuições espirituais, revelaram uma visão mais ampla do que é um tratamento, na prática da Ciência Cristã.

De repente, pude compreender que o mal não tinha nenhuma parte, nenhuma percentagem, nem parcela em minha missão. O mal não tinha nenhum direito, nem jurisdição, permissão nem mandato para me intimidar; e não podia impedir o meu progresso espiritual. O mal não tinha nenhum memorial, ou seja, nenhuma lembrança ou registro de alguma ação no passado que exigisse minha atenção como algo que alguma vez tivesse perseguido meus passos ou causado algum efeito em minha história, influenciado minhas atitudes, ou que me tivesse causado angústia. Portanto, o mal não podia aparecer como uma cicatriz (lembrança) de um acidente ou como uma cicatriz emocional de sentimento ferido. O mal não podia fixar-se em minha consciência, nem mesmo como uma simples recordação do olhar de alguém fazendo-me lembrar de algum incidente desagradável.

Repito o que foi dito acima, o mal não tinha nenhuma parte nem participação em minha experiência, que pudesse limitar as minhas forças, refrear as minhas intuições espirituais, restringir minha alegria, privar-me da minha plena herança do bem que vem de Deus. O mal não tinha nenhum mandato para me ameaçar com fadiga, nem o direito de dominar os meus pensamentos, nem autoridade para aparecer subitamente como um obstáculo inevitável no caminho que Deus me levou a percorrer.

Portanto, podemos declarar, com base nas palavras de Neemias: Não pode restar, nem mesmo na memória, nenhum vestígio de evidência de que o mal alguma vez tenha tido qualquer afinidade ou conexão com o homem espiritual de Deus. Essa ampla compreensão estende-se à nossa própria carreira, ao nosso corpo, à nossa família e à nossa igreja; às nossas relações com os outros seres humanos e com o nosso universo.

Vemos no relato bíblico que Neemias teve de refutar continuamente as sugestões malévolas a fim de completar o seu projeto. Seus adversários diziam, sobre os que construíam o muro: “…Nada saberão disto, nem verão, até que entremos no meio deles e os matemos; assim, faremos cessar a obra” (Neemias 4:11). Aí está representada a atitude ameaçadora do mal, que nos faria vítimas ou nos prenderia como reféns das suas alegações. As ações de Neemias demonstram tanto a vigilância como a oração. Esse estado de alerta mental está aliado à diligência no prosseguimento do trabalho em questão. Nenhum segredo ou intenção ludibriante de fazer o mal pode esconder-se da Verdade onisciente, porque a natureza da Verdade expõe a impossibilidade de alegações opostas.

Somente se ignoramos a natureza enganadora do mal e não compreendemos o todopoder de Deus é que podemos nos sentir impedidos ou frustrados por sugestões errôneas e intrusivas sussurradas ao nosso pensamento. A chave para a vitória sobre o mal se encontra nestas palavras de Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã: “Somente quando admitimos o mal como realidade e nos deixamos levar por maus pensamentos, é que podemos, na crença, separar os interesses de um homem dos interesses de toda a família humana, ou assim tentar fazer separação entre a Vida e Deus. Esse é o equívoco que ocasiona muito daquilo de que temos de nos arrepender e que precisamos superar” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, p.18).

Uma trabalhadora na residência da Sra. Eddy relembra o que esta lhe disse: “Qualquer erro que você admita em você mesma ou em outra pessoa, como se fosse real, faz com que você fique sujeita a esse erro. Admitir que o erro seja real, produz o erro, e isso é tudo o que dele existe” (We Knew Mary Baker Eddy [Reminiscências de pessoas que conheceram Mary Baker Eddy], Boston: The Christian Science Publishing Society, 1979, p. 202). 

Portanto, aprendemos a nunca admitir a realidade do mal. Não personificamos nem personalizamos o mal, pois não estamos envolvidos em um jogo mental de “Apontar o dedo” para acusar alguém. Adotamos a posição coerente e correta que aniquila eficazmente as fofocas, os aviltamentos, as calúnias, as intromissões e as críticas destrutivas.

A natureza insistente do mal está também representada na história bíblica. Sambalate e Gesém procuraram fazer mais maldades, solicitando um encontro com Neemias em uma aldeia próxima. A sabedoria de Neemias lhe permitiu ver esse encontro como um esforço da parte deles para interromper o progresso da obra. Ele recusou tais pedidos em quatro ocasiões — cada vez com uma recusa perspicaz para não ir àqueles encontros, e com uma rededicação ao trabalho de reconstrução dirigido por Deus. Quatro vezes eles tentaram e quatro vezes ele permaneceu firme e fiel ao seu propósito divino, recusando-se a ser desviado desse propósito.

As rápidas e persistentes recusas de Neemias (alicerçadas na oração a Deus e na compreensão espiritual) tornaram-no superior a todos os subterfúgios e ameaças do mal que teriam paralisado a obra de reconstrução. Ele resistiu em todos os pontos e ficou fortalecido. Tal como Neemias, também nós podemos responder, afirmando o bem de forma inabalável e rejeitando sem hesitação toda sugestão do mal, quer venha como fofoca, boato, insinuação, falsa testemunha, ou qualquer outra intriga.

Da quinta vez, uma carta aberta foi enviada a Neemias pelos seus inimigos, numa tentativa de deturpar ou perverter o seu genuíno propósito de reconstruir o muro e, assim, causar-lhe medo. As declarações difamatórias dos inimigos insinuavam que Neemias estava trabalhando para sua própria glorificação, que ele era um rebelde que desejava ser rei. Para criar uma cortina de fumaça para as suas atividades, o mal acusa outros com os seus próprios motivos torpes, desviando assim a atenção para outro lado. Essas declarações distorcidas foram enfrentadas com a oração de Neemias: “…Agora, pois, ó Deus, fortalece as minhas mãos” (Neemias 6:9). Hoje em dia, os repetidos desafios do mal exigem um compromisso cada vez mais forte por parte dos trabalhadores dedicados à vida espiritual. 

A reconstrução do muro foi um êxito completo. Neemias havia mostrado que a obra de Deus não podia ser suspensa nem impedida, e aqueles que serviam a Deus com fidelidade não podiam ser intimidados.

Em resumo, podemos ver muitos métodos do erro postos a descoberto nessa história, ou seja: ridicularização, desprezo, ódio, intimidação persistente, falsidade, boatos, calúnias, desejo implacável de derrotar o propósito do bem. Ao seguir o exemplo de Neemias, temos a certeza de que a mentalidade espiritual impede que sejamos enganados por qualquer um dos métodos sutis do erro. O resultado de tal vigilância é o fortalecimento do servo de Deus e a certeza de que o mal é derrotado.

Somos trabalhadores eficazes quando manifestamos qualidades semelhantes às de Neemias, deixando sempre que Deus dirija as nossas carreiras. Só então poderemos avançar e prosperar em segurança. A Sra. Eddy, autora do livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, escreve: “A harmonia eterna, a perpetuidade e a perfeição constituem os fenômenos do existir, governados pelas leis imutáveis e eternas de Deus; ao passo que a matéria e a vontade humana, o intelecto, o desejo e o medo não são os criadores, os reguladores nem os destruidores da vida e de suas harmonias” (Não e Sim, pp. 10–11).

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