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Original para a Internet

Para jovens

Minha inocência permaneceu intacta

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 24 de fevereiro de 2020


Kyoto, uma cidade do Japão, é bela e segura depois do anoitecer. Pequenas ruas nos arredores, lojas com muito movimento, todos esses locais meus amigos e eu exploramos sem estresse, desfrutando da vida noturna da cidade. Uma noite, passamos a maior parte do tempo conversando com os habitantes locais, falando uma mistura, um pouco de inglês e outro pouco de japonês. Todos eram muito cordiais, apesar do fato de mal conseguirmos nos comunicar.

Depois de algumas horas passeando pela cidade, decidimos nos unir a outro grupo de jovens às margens de um rio. Assim que nos acomodamos, fomos cercados por um grupo de rapazes. Todos pareciam um pouco embriagados. Visto que tivéramos interações muito cordiais, ficamos contentes em conversar com eles. Alguns até falavam razoavelmente inglês e estavam com muita vontade de praticá-lo com pessoas que o tinham como língua materna.

Eu tinha acabado de conversar com um dos rapazes, quando um beijo molhado no meu ombro alertou-me da presença de outra pessoa. Quando me virei, vi que era outro rapaz, que tinha se separado do grupo.

“Tudo bem?”, perguntou ele.

Eu só consegui sorrir para ele, como quem está zombando.

“Tudo bem?”, repetiu ele.

Comecei a desconfiar de que ele estivesse perguntando se eu estava bem e, portanto, minha resposta foi um “sim” hesitante.

Ele sentou-se ao meu lado e colocou a mão no meu ombro, desta vez um pouco mais abaixo. “Tudo bem?”

“Sim, estou bem.” Eu estava começando a questionar o que é que ele estava realmente perguntando, quando ele deslizou a mão para baixo e agarrou-me de modo bem indevido. “Tudo bem?”

Eu não consegui pensar. Não estava entendendo o que acabara de acontecer, porque tinha a certeza de que era um engano. Sorri de modo desajeitado e retruquei: “O quê?” Novamente ele me tocou e repetiu a pergunta. Eu não sabia como reagir. Eu já tinha ouvido falar de assédio e agressão sexual ocorrendo com turistas estrangeiros, mas nunca pensei que pudesse acontecer comigo.

Sem acreditar no que estava ocorrendo, tentei, da melhor maneira que pude, dizer que não. “Não! Não está tudo bem.”

Ele agarrou-me novamente, e outra vez mais, apesar dos meus protestos. Por mais enérgica que eu fosse em dizer que não, ou tentasse afastá-lo, minha resposta negativa não estava surtindo efeito. Finalmente, meus amigos se deram conta do que estava acontecendo e o mandaram embora. Aquilo pareceu fazê-lo despertar. Ele se levantou, voltou para seu grupo, e um deles me pediu desculpas.

Embora no início eu tenha dado risada do incidente, durante o percurso de taxi até nossa pousada, lutei, pensando por que isso ocorrera. Não pude deixar de sentir como se minha inocência tivesse sido, de alguma forma, danificada.

Eu sabia que podia lidar com esse incidente por meio da oração, em vez de entrar em uma espiral de questionamentos e angústia. Então, quando voltamos para nossa pousada, liguei para uma Praticista da Ciência Cristã. Falamos bastante sobre a inocência, que é uma qualidade espiritual, não algo que se desgaste ou se perverta pela atitude indevida de outra pessoa. A inocência, por ser uma qualidade de Deus, pertence a Deus, que é a Alma, e nós também, como a expressão da Alma, sempre a possuímos. Nossa inocência está intacta, sempre.

Ao obter uma compreensão mais correta sobre minha inocência, entendi algo importante. Para superar esse incidente, eu não podia me ver como vítima, porque isso significava aceitar a ideia errônea de que a lei divina da harmonia somente funcionasse parte do tempo e o homem de Deus fosse suscetível a atos aleatórios do mal. No entanto, se eu quisesse me elevar acima da crença de ser vítima, eu mesma não podia continuar a identificar aquele rapaz como criminoso.

No início, não estava disposta a isso. Não era ele a razão de eu estar nessa situação? Por que deveria eu perdoá-lo pelos seus atos?

Entretanto, a ideia que me veio a seguir foi muito clara. O que eu estava vendo como ações más desse rapaz era, mais no fundo, a crença no mal, mascarada como os pensamentos e ações dele. Se bem que ele fosse responsável pelos seus atos e precisasse corrigi-los, eu precisava ver a realidade espiritual, ou seja, a de que, como filho de Deus, ele era completamente inocente. A inocência fazia parte dele como identidade criada por Deus e permanecia inalterada, tanto quanto a minha.

Essa mudança no pensamento, ou seja, de já não ver esse rapaz como um malfeitor, mas reconhecer sua verdadeira identidade como filho querido de Deus, trouxe-me uma paz imediata e o perdão veio naturalmente. Consegui desfrutar do resto do meu tempo no Japão, sem ter outros temores nem preocupações.

Também sou grata quando vejo notícias que tratam de assédio ou agressão sexual, ao lembrar-me do que aprendi com essa experiência. Embora nossa reação mais instintiva possa qualificar os envolvidos como “vítima” e “criminoso”, conheço o poder da oração para defender a inocência espiritual de todos e de denunciar a mentira de que o homem de Deus possa ser capaz de fazer o mal. Fiquei curada ao compreender quem cada um de nós realmente é, e sei que essa compreensão pode trazer à luz a pureza e a irrepreensibilidade inerente a cada pessoa.

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