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Original para a Internet

Confiança

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 9 de novembro de 2017


Confiança

Há muito tempo me impressiona a necessidade de entender o significado da palavra “confiança”, a partir de um ponto de vista científico. E também de entender qual é o lugar que essa palavra ocupa. Um dicionário da língua inglesa, chamado “The Century”, a define, em primeiro lugar, como “Capacidade de apoiar-se nos próprios poderes, recursos ou circunstâncias; crer na própria competência; sentir-se seguro de si, sentir segurança”. Em segundo lugar, “Aquilo que oferece apoio sólido, fundamento que inspira respeito; aquilo que dá garantia de segurança, salvaguarda”. Em terceiro lugar: “Intrepidez; coragem; despreocupação diante do perigo, ou a capacidade de desafiá-lo”.

Os Cientistas Cristãos prontamente aprendem que confiar em sua própria capacidade, no senso humano de força, na força de vontade humana e na determinação, é confiança equivocada, mal colocada, “uma cana agitada pelo vento”, uma casa construída sobre a areia, que não se mantém em pé. Repetidas vezes ouvimos a declaração: “Não me sinto confiante, não tenho confiança suficiente em mim mesmo para aceitar um paciente, quisera eu ter mais confiança”, e assim por diante.

A confiança é uma condição mental, uma qualidade da Mente, uma qualidade de Deus. Ela é dada por Deus. Como Deus, o bem, não faz acepção de pessoas, mas dá a todos os homens liberalmente tudo o que eles recebem, para começo de conversa a declaração “Sinto falta de confiança” está errada. O que me falta é aceitar e aplicar corretamente essa confiança, mas não se trata de minha falta de confiança. A própria pessoa, que declara falta de confiança em si mesma para obter êxito em um empreendimento, não se dá conta do fato de que está muito confiante em sua própria capacidade de falhar. Os discípulos labutaram durante toda a noite, pescando no escuro, e não apanharam nada. Quando o Mestre perguntou: “Filhos, tendes aí alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não. Então, lhes disse: Lançai a rede à direita do barco e achareis. Assim fizeram e já não podiam puxar a rede, tão grande era a quantidade de peixes”. Eles continuavam no mesmo barco, tinham as mesmas redes, eram os mesmos homens, estavam nas mesmas águas. Tiveram apenas de lançar as redes do lado direito, do lado certo do barco, precisamente da mesma maneira como eles foram chamados a optar pelo Espírito, não pela matéria, a optar pela Alma, não pelo senso material. Todo homem, mulher e criança tem a capacidade de lançar a rede para o lado certo. Não há nenhuma falta de confiança em fazer isso e eles têm a capacidade de receber a recompensa, ou seja, redes cheias. O problema é que, mantendo nossa rede do lado errado, ali há muita confiança no fracasso e pouquíssima confiança no lado da capacidade de empreender e realizar.

“...desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (ver Filipenses 2:12, 13). E Jesus disse: “Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino”. Devemos desenvolver nossa salvação com temor e tremor, ou seja, nossa libertação da crença de que o mal, seja qual for seu nome e natureza, tenha poder, e não esperar até que tenhamos nos livrado do temor e que o tremor também tenha cessado, antes de tentar vencê-los. Também não devemos tentar arranjar alguém para fazer o trabalho por nós, por ter consciência de estarmos aflitos, trêmulos e atemorizados, mas, exatamente ali onde o temor e o tremor parecem estar, devemos trabalhar exatamente com eles e enfrentar o problema, sabendo que é Deus, nosso Pai-Mãe onipotente, a Mente todo-poderosa e o Amor que é toda a presença, quem efetua em nós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade. Será que é do Seu agrado, de Sua vontade, que fracassemos naquilo que Ele nos ordenou fazer (resistir ao diabo)? Será que é de Sua vontade que cometamos erros? Podemos responder com toda certeza: “Não”. Jesus conhecia o Pai, e ele nos diz: Vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino, ou seja, dar a nós o domínio sobre tudo o que surgir diante de nós como obstrução, impedimento, dificuldade, obstáculo à saúde, à santidade, à felicidade, ao viver, pensar e existir corretamente. Temos de tomar a cruz diariamente, ou seja, enfrentar, não como algo, mas como a nulidade do nada, tudo que seja oposto a Deus, que atravesse nosso caminho. E temos de tirá-lo do nosso caminho; deixá-lo despido de sua falsidade, revelando sua nulidade; mostrar sua total falsidade por meio da compreensão de que Deus, o Bem, é tudo. Não nos falta a confiança ou a capacidade para fazer isso. Obtenhamos do lado direito, com Deus, a confiança que já é nossa, e ela removerá montanhas de temor, dúvida e erro.     

O medo é fé no mal. A coragem é fé no Bem. A dúvida é confiança no mal. A confiança, corretamente dirigida, é depender de Deus, é confiar em Deus, o Bem. Quando estamos com medo, podemos nos perguntar: “Onde está a minha fé? ― em que estou confiando, no Bem ou no mal, no Espírito ou na matéria?” Não existe nenhuma falta de fé, nenhuma falta de poder para ter fé. Se falharmos, é porque nossa fé está na coisa errada e temos de lançar nossas redes de novo, para o lado direito.

Quando eu era jovem e nova no estudo da Ciência Cristã, fui chamada para ver uma senhora que não conseguia ficar em pé nem sentar-se em uma cadeira havia mais de dez anos. Seu filho, de dez anos de idade, nunca havia visto a mãe sentada. A ciência médica havia falhado totalmente. Minha professora havia dado meu nome à família da inválida e achei que a obediência exigia que eu fosse. Fui, por certo tomada de temor e tremor. Durante todo o percurso estudei o livro Ciência e Saúde e o tempo todo o senso pessoal argumentava que outra pessoa devia ter sido enviada, que se eu falhasse, a causa da Ciência Cristã seria prejudicada. Quase cheguei a querer tomar o trem de volta e enviar um praticista mais experiente. Então, veio-me o pensamento de que aqueles que precisavam de ajuda não tinham pedido que eu fosse, eles haviam pedido a Ciência Cristã, a aplicação do conhecimento de Deus conforme revelado pelo nosso livro-texto, “Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras”, de Mary Baker G. Eddy. Dei-me conta de que tudo o que eu estava temendo com tremor não fazia parte desse conhecimento, e não poderia nem impedir nem ajudar, pois a Verdade revelada faria a obra. A Verdade era competente, eu realmente tinha confiança em Deus. Então estas palavras me vieram à mente: “Não to mandei eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andares”. Também este trecho me veio ao pensamento: “Sede fortes e corajosos, não temais, nem vos atemorizeis diante deles, porque o Senhor, vosso Deus, é quem vai convosco; não vos deixará, nem vos desamparará”. Minha confiança na capacidade de Deus, no poder da Palavra, começou imediatamente a assumir o lugar da confiança em minha própria capacidade de falhar. Deixei para trás a confiança em mim mesma e, com a confiança posta em Deus, fui até aquela senhora, declarando que a confiança no nome de Jesus Cristo é onipotente aqui e agora para curar, livrar, libertar da escravidão. Só pude permanecer ali umas quatro horas, mas antes de eu ir embora, a paciente caminhou pela sala e sentou-se em uma cadeira. Na manhã seguinte ela se vestiu e tomou o desjejum com a família. Isso aconteceu em 1889 e, desde aquele dia, ela passou a gozar de boa saúde.

Aprendi com esse episódio que nunca devo permitir que o temor e o tremor me impeçam de dar o passo adiante. Aprendi que devo utilizar o que eu já tenho e melhorar ao máximo minhas possibilidades do momento. Sem isso eu não poderia aspirar a entender mais. Para poder caminhar, temos de dar o primeiro passo. Não é em nossa própria capacidade que precisamos ter confiança, mas realmente precisamos ter confiança na capacidade e disposição de Deus, de efetuar em nós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade de nos dar o domínio sobre toda a terra. Temos de ter a disposição de dar os passos necessários e comprovar, para nós mesmos e para os outros, que Deus é onipotente. 

 “Não temas o pavor repentino, nem a arremetida dos perversos, quando vier. Porque o Senhor será a tua segurança e guardará os teus pés de serem presos”. 

Moisés representa a coragem moral (Ciência e Saúde, p. 592). Ele demonstrou firme confiança em Deus, diante de toda a murmuração dos Filhos de Israel. E como eles murmuravam! Josefo, em sua descrição da travessia do mar Vermelho, ajudou-me muitas vezes a seguir em frente. Ele diz:

“Quando os egípcios alcançaram e ultrapassaram os hebreus, prepararam-se para combatê-los e, por serem muito mais numerosos, os encurralaram em um lugar estreito. As forças dos egípcios que os perseguiam contavam com seiscentos carros, cinquenta mil cavaleiros e duzentos mil homens de infantaria, todos armados”.

“Os egípcios fecharam também as passagens pelas quais imaginavam que os hebreus poderiam fugir, encurralando-os entre precipícios inacessíveis e o mar, pois havia (de cada lado) uma enorme cadeia de montanhas muito acidentada com altos e baixos, que terminava no mar e obstruía a fuga. Com esse exército os egípcios se perfilaram ao pé das montanhas e assim pressionaram os hebreus exatamente onde as montanhas se fechavam junto ao mar, a fim de privá-los de todas as passagens que poderiam levá-los para a planície”.

Em seguida, Josefo conta como os israelitas murmuraram contra Moisés.

“Mas Moisés, embora a multidão olhasse ferozmente para ele, não abriu mão de cuidar dos hebreus, mas também rechaçou o perigo, devido à confiança que ele tinha em Deus. Quando Moisés chegou à orla do mar, ele tomou o bordão, fez súplicas a Deus e invocou-O para que fosse o auxiliador deles e os livrasse, dizendo: ‘Tu não ignoras, Ó Senhor, que está além da força e dos artifícios humanos evitar as dificuldades que estamos passando agora, mas é inteiramente Teu trabalho providenciar o livramento para esse povo que deixou o Egito em obediência às Tuas ordens. Não temos esperança em nenhuma outra ajuda ou artifício e recorremos somente à esperança que temos em Ti. Se houver algum método que possa nos prometer um livramento por Tua providência, recorremos a Ti para que esse método apareça rapidamente e manifeste o Teu poder a nós, e que Tu restaures a boa coragem e a esperança de livramento a este povo, que está profundamente mergulhado em um estado mental desolador. Estamos em condições desesperadoras, mas aqui ainda é um lugar que Tu possuis, este mar ainda é Teu, as montanhas que nos envolvem também são Tuas, de tal forma que essas montanhas se abrirão, se Tu ordenares, e o mar também se tornará terra seca, se Tu mandares. Até poderíamos escapar mediante uma fuga pelo ar, se Tu determinares que é esse o caminho da salvação”.

Não é de admirar que as águas se tenham aberto e que eles tenham caminhado triunfalmente por esse caminho, quando tal confiança, intrepidez e coragem saíram adiante deles diretamente rumo ao mar (“sombrio fluxo e refluxo das marés do medo humano” (Ciência e Saúde, p. 566). Só havia uma coisa para eles fazerem: seguir em frente. Para nós também, há apenas uma coisa a fazer: seguir em frente, sem nos desviar nem para a direita nem para a esquerda.

Ciência e Saúde diz à página 60: “A Alma tem recursos infinitos para abençoar a humanidade, e seria mais fácil alcançar a felicidade e conservá-la em nosso poder, se a buscássemos na Alma”.

Quando eu parecia estar cercada por todos os lados, com o exército do senso pessoal por trás, com precipícios de ambos os lados e o mar Vermelho diante de mim, estas palavras me fortaleceram: “A Alma tem recursos infinitos”, exatamente aqui e agora, “para abençoar a humanidade”. Eu não preciso ver esses recursos com meus olhos (senso pessoal), ou lidar com eles com as mãos. Eu não necessito nem sequer saber o que eles são. Eu simplesmente tenho de aceitar essa declaração inspirada da Verdade, de que a Alma tem esses recursos, e que eles são meus, porque sou a herdeira de Deus e co-herdeira com Cristo. Tenho de compreender e reconhecer esse fato. Esse conhecimento que eu tenho representa a posse desses recursos, e então sei que, sendo esse o fato espiritual, ele precisa ser exteriorizado e eu posso esperar em Deus, usando o que eu já compreendo que tenho, melhorando ao máximo minhas possibilidades presentes, exatamente onde estou. Eu nunca ouvi dizer que as águas tenham deixado de se dividir, nunca deixei de encontrar aqueles “recursos” que estavam lá para mim e para toda a humanidade, e que eles eram muito melhores do que qualquer coisa que eu pudesse ter delineado. Eu só tinha de confiar na Verdade e ela (a forte libertadora) me levaria ao fim desejado, e que nesse percurso o exército de erros, o aparente poder do mal, seria exterminado.

Quando penso em nossa Líder e Professora, lembro-me de como ela trabalhou durante toda a noite escura do senso pessoal, esforçando-se para inculcar em nós um pouco de confiança em “nosso Pai-Mãe Deus”, revelado a nós de forma tão maravilhosa por meio de seus inspirados escritos. Penso em como ela caminhou passo a passo adiante de nós, usando o bordão da Sabedoria, e como ainda está nos liderando na marcha para fora do erro. E fico imaginando se alguma vez eu poderei murmurar, duvidar, de que o fruto não seja ainda maior do que é. Os recursos infinitos estão aqui, mas o que podem eles fazer pela humanidade, se nós não percebemos que eles estão aqui, se não agimos como possuidores de todas as coisas, se não progredimos, deixando para trás a descrença, a desconfiança e o medo? Por certo já tivemos prova abundante de que o mal é impotente para impedir o progresso da verdade, se permanecermos com Deus, sabendo que o Bem é onipotente e onipresente. Não existe nenhuma falta de confiança, temos o suprimento infinito. No entanto, esse suprimento seguramente se encontra do lado direito, do lado certo, do lado de Deus, não do lado do mal. Não adianta pedir mais, se não usarmos o que temos. Com a mesma rapidez com que utilizarmos o suprimento infinito, com essa mesma rapidez o recurso infinito estará eternamente se desdobrando.     

Os Cientistas Cristãos podem demonstrar melhor seu amor à nossa Líder, seguindo suas pegadas de forma corajosa, confiante, paciente e obediente, avançando jubilosamente, nem rápido demais nem devagar demais, mas guiados pela Sabedoria e guardando os mandamentos, pois essa é a única prova de amor que permanece.

“Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que, no Dia do Juízo, mantenhamos confiança; pois, segundo ele é, também nós somos neste mundo”.

Porque depositaste tua confiança no bem,
Fizeste do Senhor tua defesa segura,
Teu refúgio, a saber, o Deus Altíssimo;
Por isso nenhum mal te sobrevirá,
Nem à tua casa, pelo céu protegida,
Nenhuma praga fulminante se chegará.

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