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Original para a Internet

A salvo pela confiança absoluta na orientação divina

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 14 de maio de 2019


Em 12 de dezembro de 1943, o primeiro dia realmente frio daquele inverno, eu estava trabalhando como mecânico naval no emprego que tive durante a guerra, no maior estaleiro da Nova Inglaterra. Por vários dias, eu estivera instalando tampas hidráulicas nos tanques de combustível de um enorme navio de combate. Nos navios de guerra, esses tanques ficam espalhados na parte mais baixa, próxima ao casco, ocupando espaço que não se utiliza para outras coisas, e são separados uns dos outros por divisórias impermeáveis e à prova de fogo.

A parte mais difícil e cansativa desse trabalho era o método de instalação dessas tampas, pois era necessário rastejar por áreas muito estreitas e passar por inúmeras aberturas de tamanho reduzido, conhecidas como “aberturas de escape”. Eu tinha de arrastar comigo um cabo elétrico de solda de mais de 30 metros, por vários compartimentos onde ia instalar as tampas. Eu estava usando o capacete de soldador, levava uma extensão elétrica com uma lâmpada e uma caixa de ferramentas.

Nesse dia em particular, eu achava que terminaria a tarefa depois de instalar a última das trinta e nove tampas. Mas, ao verificar minha lista de tarefas a fazer, constatei que, em algum ponto, eu não havia contado um dos tanques. Fiquei bastante desanimado, pois eu estava entorpecido pelo frio, por ter permanecido deitado sobre o aço gelado. Estava ansioso para terminar a tarefa e fazer algum outro trabalho que me permitisse ficar em pé e me movimentar.

Fiquei tentado a deixar essa única tampa sem ser instalada, para que outra pessoa o fizesse, quando notasse que o serviço estava incompleto. Todavia, era meu costume completar minhas tarefas antes de me apresentar para outro trabalho. Portanto, examinei todo o fundo do navio e vi que o tanque que eu havia esquecido era exatamente o que deveria ter sido feito em primeiro lugar, localizado na parte bem mais elevada, próxima da proa do navio.

Comecei a instalar a tampa, o que exigia que eu entrasse no tanque através da abertura de escape, que media aproximadamente quarenta por sessenta centímetros, visto que a tampa hidráulica se abria para baixo, para dentro do tanque.

Eu tinha de soldar a dobradiça, em torno da qual a tampa girava, a uma parte no interior do tanque, e a outra, na tampa. A fim de fixar corretamente a dobradiça e permitir que a tampa se movesse livremente para abrir e fechar, haviam-me dito para sempre parafusar a tampa no lugar determinado com os trinta e seis parafusos necessários para segurá-la e depois soldar a dobradiça. [Após soldar a dobradiça, eu teria de soltar os trinta e seis parafusos para abrir a tampa e sair do tanque.]

Tentei colocar o primeiro parafuso, enquanto segurava a tampa acima da minha cabeça com uma das mãos, mas estava tão entorpecido pelo frio e tão exausto de rastejar até ali com todo o equipamento, que só consegui realizar essa simples tarefa após a oitava tentativa. Finalmente, o primeiro parafuso foi fixado e logo os outros parafusos acabaram fixando a tampa no lugar. Então, quando procurei a chave inglesa para apertar as porcas, percebi que, em algum ponto ao longo do caminho, eu a deixara cair. Diante da situação, tinha de decidir entre retirar a tampa e rastejar de volta através dos corredores apertados do fundo do navio até encontrar a chave inglesa, ou continuar a tarefa, fixando as porcas o máximo que pudesse com os dedos e depois soldar a dobradiça. Decidi por essa última alternativa.

Quando acabei de soldar e estava pronto para sair, satisfeito porque o trabalho fora adequadamente feito, constatei que as porcas que eu havia apertado com os dedos estavam emperradas. A soldagem havia causado uma distorção no aço, o que aumentara a pressão sobre os parafusos e eu estava agora preso dentro do tanque por arte de minhas próprias ações.

Instantaneamente, sentindo a gravidade da situação, compreendi que tinha de demonstrar, por mim mesmo, as verdades que frequentemente declarava. Várias sugestões mentais agressivas vieram à minha consciência. Rebati cada uma delas com sua contrafação, ou seja, com a verdade específica para cada sugestão agressiva. O primeiro pensamento científico que me veio foi o tema da Lição-Sermão, a Lição Bíblica, que seria lida em todas as igrejas da Ciência Cristã no dia seguinte: “Deus, o preservador do homem”.

Não larguei essa ideia e trabalhei como eu havia aprendido. Quando Satanás sussurrou: “Você está sozinho e não terá nenhuma ajuda”, afirmei que Deus é infinito, sempre presente e que, portanto, eu não estava só. Novamente, veio aquele sussurro: “A temperatura está quinze graus abaixo de zero. Agora é meio-dia e hoje é sábado. Se você não sair até as três horas da tarde, ficará aqui até as sete da manhã de segunda-feira. Você acha que vai sobreviver?” Então, veio-me esta verdade à mente: “Deus é sua Vida; você não pode morrer”.

Dentro daquele tanque gelado travou-se, então, uma violenta batalha mental em minha consciência, que não terminou com facilidade nem rapidamente. As sugestões mentais agressivas procuravam ganhar controle sobre mim por meio do medo. Entretanto, graças a Deus, eu sabia a verdade, a contrafação, a respeito de cada uma daquelas mentiras.

O tempo todo eu me esforçava para desatarraxar as porcas com os dedos, tentando uma por uma, procurando alguma que eu conseguisse soltar. Peguei a lâmpada elétrica para examinar os parafusos e vi fiapos de pele pendurados nas porcas. Olhei para os meus dedos, percebi que estavam em carne viva. Eu não havia sentido nenhuma dor. O medo de ficar aprisionado era maior do que a sensação de dor e a havia suplantado.

O diabo instigava-me a gritar, a esmurrar o aço, a procurar outra abertura e a usar a solda para derreter os parafusos. Entretanto, eu sabia que ninguém me ouviria. As pistolas para fixar rebites estavam fazendo muito barulho em algum ponto do casco do navio. Comecei a rastejar para dentro do outro compartimento do tanque, mas o medo de deixar o conforto da luz elétrica e a consciência de que não havia nenhuma outra abertura de escape, pôs fim àquela tentação. Então, a sabedoria me disse: “Você nunca tentou derreter um parafuso. Isso pode ser feito, mas você não sabe como. Caso venha a falhar em derretê-lo por completo, você acrescentará mais solda ao parafuso, e isso o deixará totalmente preso”.

Todavia, eu continuava a fazer esforços para desatarraxar os parafusos. Finalmente, veio-me a ideia de que precisava parar de fazer esforços humanos e confiar inteiramente em Deus. Tive de usar toda a minha força para tirar as mãos dos parafusos. Contudo, consegui finalmente deixar as mãos no colo e então conversei com Deus, dizendo: “Deus, estou à escuta”. Senti uma maravilhosa mudança. Veio-me ao pensamento a mensagem de um artigo escrito por Adam H. Dickey, intitulado “A lei divina de ajustamento”. A frase era: “Se que um homem estivesse se afogando em alto mar, aparentemente longe de todo auxílio humano: há uma lei de Deus que o salvaria, se corretamente a ela recorresse”. 

Com esse pensamento, veio-me também uma calma absoluta, uma sensação de paz, uma convicção da proximidade de Deus e uma inabalável certeza de que eu seria salvo. Fiquei atento e ouvi a orientação: “Retire o pino da dobradiça”. Precisamente quando me preparava para obedecer, um anjo mau disse: “O que adianta fazer isso? São os parafusos que seguram a tampa, não a dobradiça”. Entretanto, não lhe dei atenção. Eu sabia qual a voz a que iria obedecer.

Removi o pino da dobradiça, coloquei as mãos no colo e esperei. Ouvi novamente a voz: “Retire o parafuso à esquerda”. Meus dedos agarraram a porca à esquerda e se esforçaram em desatarraxá-la. Ela se moveu. Peguei outra porca, usando toda a minha força para desatarraxá-la, até que ela se soltou. Continuei removendo, um a um, todos os parafusos até que restou um último que eu não conseguia remover.

Novamente, coloquei as mãos no colo e esperei. As palavras de um hino muito querido descrevem melhor o assombro que eu sentia ao ver meu livramento se desenrolando diante dos meus olhos, passo a passo:

“Nem sempre fui assim; jamais pedi orientação.

Outrora quis meu rumo escolher, Mas hoje, não…

Mas sempre Teu poder me protegeu.

Vem me guiar”(John Henry Newman, Hinário da Ciência Cristã,169, trad. © CSBD).

A voz angelical disse: “Puxe a tampa”. A tampa cedeu quando a puxei com toda a força, de forma que o buraco ficou parcialmente aberto. Veio-me o impulso de tentar passar por ali à força. Entretanto, o pensamento correto chegou a tempo: “Não tente isso; você ficará entalado no meio do caminho e não conseguirá seguir adiante nem voltar atrás. Puxe novamente a tampa”. Desta vez, houve algo mais do que a força dos músculos. A rosca do último parafuso se espanou e a tampa caiu no meu colo. Eu estava livre! Procurei no fundo escuro do navio, e vi o fio da vareta de solda e o da extensão da luz elétrica, serpenteando ao longo do caminho que eu precisava seguir a fim de chegar até a escotilha principal de escape e daí subir ao convés do navio. Eu havia sentido necessidade de assegurar-me de que o caminho estava desobstruído.

Então, sentei-me dentro do tanque e silenciosamente louvei a Deus, regozijando-me pelo fato de a Ciência Cristã ter dado tal poder aos homens. Rememorei minhas inúmeras bênçãos, entre as quais a instrução no Curso Primário da Ciência Cristã havia sido a mais importante. Minha gratidão à Sra. Eddy foi profunda e muito além de palavras.

Instalei a tampa corretamente na dobradiça e saí do navio. Quando cheguei em casa, minha esposa veio ao meu encontro e disse: “Estive trabalhando em oração o dia todo para que você voltasse a salvo para casa”. Ela sentira que eu estava passando por dificuldades e atendera à minha necessidade de ajuda por meio da compreensão correta e declarações persistentes da verdade sobre o homem. Fiquei tomado de tamanha gratidão, que levou algumas horas até eu conseguir contar o que havia ocorrido.

Nenhuma outra experiência me deu um senso tão enorme da proximidade de Deus, como essa que relatei. Senti Sua presença e obedeci à voz de Seus anjos. Acho que aprendi a reconhecer a orientação divina.

Roland H. Allen
West Newton, Massachusetts, EUA

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